20 de janeiro de 2020


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Por France Presse

Em 2019, os 2.153 bilionários que havia no mundo tinham mais dinheiro do que o total somado de 60% da população do planeta, denuncia a ONG Oxfam em um relatório que será publicado na segunda-feira (20), e destaca a concentração da riqueza em detrimento, sobretudo das mulheres, primeiras vítimas da desigualdade.

“Este enorme abismo é consequência de um sistema econômico falido e sexista, que valoriza mais a riqueza de uma elite privilegiada, em sua maioria, homens”, destaca a ONG.

O informe anual da Oxfam sobre as desigualdades mundiais é tradicionalmente publicado antes da abertura do Fórum Econômico Mundial (WEF) de Davos, na Suíça, ponto de encontro da elite política e econômica global.

O ano de 2019 também foi marcado por movimentos de protestos em todo o mundo, do Chile ao Oriente Médio, passando pela França.

“Os governos de todo o mundo devem tomar medidas urgentes para construir uma economia mais humana e feminista, que valorize o que realmente importa para a sociedade”, aponta a Oxfam, que propõe entre outras medidas a implantação de “um modelo fiscal progressivo no qual também se taxe a riqueza”.

Segundo cifras da ONG, com base em dados publicados pela revista Forbes e o banco Crédit Suisse —mas cuja metodologia foi criticada por alguns economistas —, 2.153 pessoas têm agora mais dinheiro do que os 4,6 bilhões de pessoas mais pobres do planeta.

Por outro lado, a fortuna do 1% mais rico do mundo corresponde a mais que o dobro da riqueza acumulada dos 6,9 bilhões de pessoas menos ricas, ou seja, 92% da população do planeta.

‘Mulheres na 1ª fila da desigualdade’

Segundo cálculos da Oxfam, 42% das mulheres no mundo não conseguem ter um trabalho remunerado devido à carga grande demais de trabalho com cuidados nos âmbitos privado ou familiar contra apenas 6% dos homens.

“As mulheres estão na primeira fila das desigualdades devido a um sistema econômico que as discrimina e as aprisiona nos ofícios mais precários e menos remunerados, a começar pelo setor de cuidados”, afirmou Pauline Leclère, porta-voz da Oxfam France, citada em um comunicado.

Apesar de que cuidar dos demais, cozinhar ou limpar sejam tarefas essenciais, “a pesada e desigual responsabilidade do trabalho de cuidados que recai nas mulheres perpetua tanto as desigualdades econômicas quanto a desigualdade de gênero”, diz a ONG.

A Oxfam estima o valor monetário do trabalho de cuidados não remunerado das mulheres com mais de 15 anos em 10,8 trilhões de dólares a cada ano.

Fórum Econômico Mundial

O evento anual em Davos, na Suíça, começa nesta terça-feira — e deve contar com o presidente dos EUA, Donald Trump, e a ativista ambiental Greta Thunberg. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou que não vai à reunião.

Desde 1971, o Fórum Econômico Mundial reúne empresários e líderes políticos na estação de esqui na Suíça, com o objetivo de ser um “centro de reflexão” sobre o futuro. Como todos os grandes eventos internacionais, é provável que reflita as múltiplas divisões globais.

É esperado que o meio ambiente seja um dos temas mais abordados no encontro de 2020.