2 de outubro de 2015


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Carteira de Trabalho: no segundo trimestre, a taxa havia atingido 8,3 por cento

São Paulo – A taxa de desemprego do Brasil subiu a 8,6 por cento no trimestre encerrado em julho, renovando o nível mais alto da série histórica iniciada em 2012, devido a mais um aumento do número de pessoas em busca de uma vaga em meio à recessão e inflação alta no país.

Esta é a terceira vez seguida que a taxa medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua registra patamar histórico, tendo chegado a 8,3 por cento no segundo trimestre. No trimestre encerrado em julho no ano passado a taxa de desemprego foi de 6,9 por cento.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta terça-feira que nos três meses até julho a população desocupada, que inclui aqueles que tomaram alguma providência para conseguir trabalho, mostrou alta de 7,4 por cento frente ao trimestre imediatamente anterior, chegando a 8,622 milhões de pessoas. Em relação ao mesmo período de 2014, houve aumento de 26,6 por cento no número de desocupados.

Com o cenário de profunda fraqueza econômica e baixa confiança afetando as empresas, a população ocupada ficou estável nos três meses até julho, em 92,185 milhões de pessoas. Mas ante o mesmo período do ano anterior subiu 0,3 por cento.

“A população em idade de trabalhar vem crescendo num ritmo mais forte que a ocupação. Ou seja, muitas pessoas estão sendo empurradas para a fila do desemprego”, destacou o coordenador da pesquisa no IBGE, Cimar Azeredo.

O nível de ocupação, que mede a parcela da população ocupada em relação àquela em idade de trabalhar, recuou para 56,1 por cento no trimestre até julho, menor nível da série, ante 56,3 por cento nos três meses até abril.

O IBGE usa a comparação com o trimestre imediatamente anterior ao período anunciado para evitar repetição de dados.

“As pessoas estão buscando alternativas, montando seus pequenos negócios, trabalhando como informal. O eixo familiar está sendo deslocado para buscar uma oportunidade”, completou Azeredo.

Por sua vez, a renda média real habitual caiu 0,9 por cento nos três meses até julho na comparação com o trimestre até abril, a 1.881 reais. Porém na comparação com o mesmo período de 2014, houve aumento de 2,0 por cento.

Os números aprofundam ainda mais a forte deterioração do mercado de trabalho que vem desde o início do ano, sem conseguir gerar vagas e vendo o número de desocupados aumentar a cada mês. Isso em decorrência da economia em recessão com inflação e juros elevados, cenário agravado por uma forte crise política que aumenta a insegurança entre empresários e consumidores.

“A expectativa é de que o mercado de trabalho se deteriore mais. O aperto de política, a confiança baixa do consumidor e do empresariado, e condições financeiras mais apertadas devem levar a uma taxa mais alta de desemprego em 2015 e moderação do crescimento do salário real”, avaliou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina Alberto Ramos. Por outro lado, ele destacou que a fraqueza do mercado de trabalho deve ajudar a reduzir a inflação de serviços.

A pesquisa Focus do Banco Central mostra que a expectativa de economistas é de que o Produto Interno Bruto (PIB) retraia 2,80 por cento este ano e recue 1,0 por cento em 2016.

Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, que leva em conta dados apurados apenas em seis regiões metropolitanas do país, a taxa de desemprego atingiu o nível mais alto em quase cinco anos e meio em agosto ao subir para 7,6 por cento. A Pnad Contínua tem abrangência nacional e vai substituir a PME.

Em agosto o Brasil fechou 86.543 vagas formais de trabalho, no quinto mês seguido de perdas, podendo encerrar o ano com perda de mais de um milhão de empregos, segundo dados do Ministério da Trabalho.